(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf · Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (2024)

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (1)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.290

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DECRÉDITO RURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO

Surplus distribution in São Paulo rural credit cooperatives

RESUMOCooperativas de crédito geram sobras ao longo de suas operações pela diferença entre tarifas cobradas menos custos dos serviçosprestados e/ou pela diferença entre taxas pagas e cobradas, nas operações de intermediação financeira aos seus associados. Nesseâmbito, há decisões gerenciais importantes tanto na definição da política de geração 0dessas sobras, quanto para a política dedistribuição dessas sobras. Este trabalho analisa e tipifica a geração e a distribuição de sobras em cooperativas de crédito rural noestado de São Paulo. Para tanto, na forma de multicasos, analisa informações financeiras ao longo de cinco anos relacionadas às setemaiores cooperativas de crédito rural paulistas quanto à geração e distribuição de sobras. Justifica-se a importância do tema uma vezque a distribuição de sobras em dinheiro ao cooperado é um incentivo contratual para incrementar as suas operações com a cooperativa.Ao final, tipificam-se três grupos distintos de estratégias de distribuição de sobras: a) destinos indivisíveis aos cooperados: sobrasalocadas às reservas indivisíveis; b) divisíveis mas indisponíveis imediatamente para os cooperados: integralizadas no capital social;ou c) divisíveis e disponíveis: depósitos nas respectivas contas correntes. Considera-se, ao final, a importância da análise da estratégiade distribuição de resultados em função do crescimento e estágio de negócios das cooperativas, bem como da rentabilidade dessasorganizações, como elementos de incentivo à fidelidade e às operações dos cooperados, no âmbito de suas cooperativas.

Marcelo Francini Girão BarrosoDoutorando no Programa de Pós-graduação em Ciências ContábeisFaculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São [emailprotected]

Sigismundo Bialoskorski NetoProfessor titular do Departamento de ContabilidadeFaculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão [emailprotected]

Recebido em: 26.5.09. Aprovado em: 6.7.10Avaliado pelo sistema blind reviewAvaliador cientifico: Ricardo Pereira Reis

ABSTRACTCredit unions generate surpluses over their operations by the difference between rates charged less cost of services and/ or thedifference between rates paid and charged in the operations of financial intermediation between their members. In this context, thereare important management decisions in both policies regarding the generation of those surpluses and their distribution. This paperanalyzes and typifies the generation and distribution of surplus in rural credit cooperatives in the state of São Paulo. Thus, in the formof multi-cases, it analyses the financial information over five years of the seven largest rural credit cooperatives in São Paulo, regardingboth the generation and the distribution of surplus. The distribution of surplus in cash to cooperative members may be an contractualincentive to enhance their operations with the cooperative. In the end, we typify three distinct groups of surplus distributionstrategies: a) indivisible destinations: remains allocated to indivisible reserves, b) divisible but unavailable immediately to theirmembers: capitalization of the remains, or c) divisible and available: deposits in their cash accounts. The importance of this reviewrelated to the distribution of results is due to the growth of qcooperative business, as well as the profitability of these organizations;those are elements to encourage loyalty and to raise the level of operations among the cooperative members.

Palavras-chave: cooperativa de crédito, distribuição de resultados, rentabilidade.

Keywords: Credit union, surplus distribution, profitability.

1 INTRODUÇÃO

Cooperativas de crédito desempenham importantepapel junto aos cooperados, em especial por algunsdiferenciais nos serviços prestados: melhor

relacionamento com os sócios e melhores taxas de juroscomparativamente às de instituições financeiras nãocooperativas (BRESSAN & BRAGA, 2006;ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS -OCB, 2007). Desempenham também importante função nadisponibilização de crédito rural aos produtores-cooperados: em 2007, essa participação foi de 7,7% dototal disponibilizado aos produtores rurais brasileiros, emcomparação a outros tipos de instituições financeiras(BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN, 2008a).

"Agradecimentos às cooperativas que disponibilizam os dados paraa pesquisa, ao Banco Central do Brasil pelos dados contábeis utilizados,e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico-CNPq pelo apoio financeiro."

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (2)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 291

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Cooperativas de crédito são formadas porprodutores rurais associados, não têm lucro como objetivo,são reguladas por legislação própria e podem distribuir, acritério da Assembleia Geral dos cooperados, os superávitsauferidos – chamados de “sobras” – diretamente aossócios, na proporção da contribuição individual para talmontante.

Políticas relacionadas à geração e à distribuição desobras em cooperativas de crédito implicam em benefíciosaos cooperados – a posteriori – de suas operações,influindo na capacidade de investimentos e na rendapotencial percebida.

Assim o objetivo desse trabalho é a análise doprocesso de geração de sobras e a tipificação dasestratégias de distribuição dessas sobras.

O trabalho proposto justifica-se por algumasespecificidades da distribuição de sobras operacionais emcooperativas de crédito: essa distribuição pode ocorrer deforma direta, em dinheiro na conta corrente, servindopossivelmente como um estímulo à fidelidade e ao aumentodas operações de seus associados; pode também ser feitanas contas dos cooperados no Capital Social da cooperativa,ficando indisponível a eles de forma imediata mas disponívelpara investimentos e crescimento da organização; ainda, adistribuição pode ser feita em reservas indivisíveis da entidade,indisponíveis aos cooperados mas também passíveis definanciamento dos investimentos da cooperativa.

Dessa forma, são demandadas decisões gerenciaisque orientem quanto 1) ao montante a ser destinado comodevolução aos sócios, 2) à forma de rateio desse montante– especificidade quanto à participação de dois tipos deagentes diferentes, superavitário e deficitário de liquidez,na mesma operação de intermediação financeira –, bem comoquanto 3) à forma da efetiva devolução dos valores definidosaos cooperados, se em conta corrente ou de capital social.

Deve-se atentar que a política de distribuição deresultados influencia na relação dos sócios no âmbito dacooperativa: tem o potencial de atraí-los e incentivá-los àcooperação em suas operações econômicas no âmbito dacooperativa, ou seja, funciona como incentivo à cooperaçãodos sócios entre si, à fidelidade e à maior intensidade deoperações.

Na próxima seção, estão descritos conceitos ereferenciais básicos à discussão sobre distribuição deresultados em cooperativas, tratando-se de instituiçõesfinanceiras em geral – especialmente as do tipocaptadoras de depósitos à vista – e de cooperativas decrédito em particular. Trata também sobre gestão desobras nessas organizações, especialmente as geradas

nas operações de intermediação financeira. Em seguida,na seção 3, é apresentado o modelo de tipificação dascooperativas de crédito conforme estratégia dedistribuição de resultados; para tanto, é descrita aamostra de cooperativas de crédito rural utilizada paraaplicação do modelo e aplicado propriamente o modeloproposto.

Ao final, são apresentadas considerações finaisacerca do modelo proposto e da distribuição de resultadosem cooperativas de crédito.

2 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, COOPERATIVASDE CRÉDITO E GESTÃO DE SOBRAS

2.1 Instituições financeiras

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é compostopor diversos tipos de organizações, entre órgãosnormativos e entidades supervisoras e operadoras(BACEN, 2008b). Instituições financeiras são entidadesoperadoras e sujeitas à supervisão do Banco Central doBrasil (BACEN), podendo ser ou não captadoras dedepósitos à vista. Na Tabela 1, estão indicadas asquantidades de instituições financeiras captadoras dedepósitos à vista registradas no BACEN, no período de2001 a 2007.

Instituições financeiras captadoras de depósitos àvista realizam basicamente dois tipos de atividades:disponibilização de mecanismos de pagamentos diversos eintermediação financeira entre agentes superavitários eagentes deficitários de liquidez (ASSAF NETO, 2006). Elasdisponibilizam serviços aos usuários a partir dessasatividades, trabalhando em cada possível derivação deserviço para oferecer algum tipo de vantagem em relaçãoaos concorrentes. Buscam desSa forma lucro, ou seja,remuneração aos investimentos em montante igual ousuperior a um custo de oportunidade, dado nível similar derisco.

Como intermediárias financeiras, essas instituiçõesbuscam lucro procurando satisfazer, simultaneamente, oportfólio de preferências de dois grupos distintos deagentes econômicos que com ela se relacionam. De umlado, tomadores de recursos, agentes visando incrementara própria riqueza de ativos reais, por meio da aplicação dosrecursos emprestados em investimentos lucrativos. Deoutro, poupadores, agentes visando manter a essência dopatrimônio por meio de ativos de valorização estável emínimo nível de risco.

As instituições financeiras que se posicionam entreesses agentes captam recursos de um lado, pagando por

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (3)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.292

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Fonte: Adaptado de Bacen (2008a).

isso determinada taxa de juro que signifique a eles adesejada valorização estável e mínimo nível de risco, eemprestam do outro, cobrando taxa de juro normalmentemaior. Com a diferença entre os montantes devidos nasduas operações, denominado spread, a instituição procuracobrir seus vários dispêndios e então remuneraradequadamente o capital originalmente investido (ASSAFNETO, 2006).

2.2 Cooperativas de crédito

Cooperativas de crédito são também instituiçõesfinanceiras captadoras de depósitos à vista – segundo

classificação do Banco Central, ainda que nem todasrealizem esse tipo de operação. Assim, oferecem a seuscooperados-usuários serviços nas formas de mecanismosde pagamentos diversos e de intermediação financeira entreagentes superavitários e deficitários de liquidez.

Ao longo das operações de seus serviços,cooperativas de crédito geram um resultado operacional,pela adição de margem operacional sobre o montante decustos administrativos. No caso das operações deintermediação financeira, a diferença entre os valores pagosaos poupadores e cobrados dos tomadores compõe ummontante destinado a cobrir os custos operacionais e aformar um resíduo operacional, novamente o spread. No

(1) - Inclui os bancos estrangeiros com filiais no país.(2) - Inclui 15 Sociedades de Crédito Imobiliário-Repassadoras que não podem captar recursos junto ao público.

Segmento 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS CAPTADORAS DE DEPÓSITO À VISTA Banco Múltiplo 153 143 141 139 138 137 135 Banco Comercial (1) 28 23 23 24 22 21 20 Caixa Econômica 1 1 1 1 1 1 1 Cooperativa de Crédito 1.379 1.430 1.454 1.436 1.439 1.452 1.465

DEMAIS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Agência de Fomento 9 10 11 12 12 12 12 Banco de Desenvolvimento 4 4 4 4 4 4 4 Banco de Investimento 20 23 21 21 20 18 17 Companhia Hipotecária 7 6 6 6 6 6 6 Sociedade de Crédito Financiamento e Investimento

42 46 47 46 50 51 52

Sociedade de Crédito Imobiliário (2) e Associação de Poupança e Empréstimo

18 18 18 18 18 18 18

Sociedade de Crédito ao Microempreendedor

23 37 49 51 55 56 52

OUTROS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS (sujeitos à supervisão também da CVM) Sociedade Administradora de Consórcios 399 376 365 364 342 333 329 Sociedade de Arrendamento Mercantil 72 65 58 51 45 41 38 Sociedade Corretora de Câmbio 43 42 43 47 45 48 46 Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários

177 161 147 139 133 116 107

Sociedade Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários

159 151 146 138 134 133 135

Total 2.534 2.536 2.534 2.497 2.464 2.447 2.437

TABELA 1 - Quantidades de instituições financeiras, por segmento de atividade, em 31 de dezembro de 2001 a 2007.

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (4)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 293

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

caso de operações bancárias diversas, como pagamentosde títulos, compensação de documentos, manutenção decontas e contratação de operações de crédito, cobram-setarifas por serviços visando os custos operacionais, assimcomo a formação do resíduo operacional. Ou seja, nodecorrer das operações, buscam-se sobras nos montantescoletados para fazer frente aos diversos dispêndios (COLLI& FONTANA, 1996; WISNIEVSKI, 2004).

Uma diferença fundamental, entretanto, é que osusuários de tais serviços são também os cooperados,proprietários dos direitos residuais sobre seus fluxosfinanceiros e sobre seus ativos (CROTEAU, 1968;TAYLOR, 1974). Dessa forma, elas não visam à maximizaçãodo lucro operacional, pois as operações de captação e deaplicação de recursos são realizadas com os seus própriossócios – ou, ainda que com outras instituições, em nomedeles –, e eles por sua vez exigem vantagens operacionaise financeiras nessas operações. Considerando que ascooperativas existem para prestar serviços aos sócios, elasdevem ter condições de oferecer tais serviços de formavantajosa (PHILLIPS, 1953; PINHO, 1977).

Outra característica específica de cooperativas decrédito é a existência de uma polaridade natural entre, pelomenos, dois grupos de cooperados: nesse tipo decooperativa, os cooperados podem atuar comofornecedores de seus recursos, realizando depósitos à vistaou à prazo na cooperativa, ou como consumidores de seusrecursos, realizando empréstimos ou financiamentos; elespodem ainda atuar das duas formas ao mesmo tempo. Essapolaridade natural em cooperativas de crédito, não obstanteo desafio gerencial que cria, levam essas organizaçõestalvez à forma mais pura de cooperativismo (CROTEAU,1968).

Não obstante a complementaridade, os interessesdos tomadores líquidos e dos poupadores líquidos sãoporém divergentes, podendo levar inclusive a divergênciasem relação ao controle da cooperativa (KRIEG, 2003). Deum lado, agentes tomadores desejarão menores taxas dejuros nas operações de crédito, o que demandaria menorremuneração aos recursos emprestados da organização.De outro, entretanto, agentes aplicadores cobrarão maiorremuneração pelo recurso depositado, maiores jurosportanto por esses recursos (CROTEAU, 1968; SPENCER,1996; TAYLOR, 1974).

2.3 Gestão de sobras

As características das cooperativas impõem algunsdilemas específicos aos gestores dessas organizações, em

especial relacionados à política de intermediaçãofinanceira; conforme sugerido por Smith et al. (1981), apartir de sugestão anterior de Flannery (1974), tal políticapoderia ser estabelecida entre pelos menos quatroalternativas: 1) maximização do resíduo operacional, semprivilegiar um ou outro grupo, 2) orientação da cooperativapara privilégio aos cooperados tomadores de recursos, 3)orientação para privilégio aos aplicadores de recursos, ou4) orientação neutra, buscando-se não o privilégio mas ageração igualitária de benefícios a ambos.

No primeiro caso, da maximização do resíduooperacional, não se efetivaria benefício aos cooperadosimediatamente, trabalhando-se com taxas de juros nasoperações de crédito e de captações de depósitoscompatíveis com o mercado, assim como possivelmentefaria outra instituição financeira não cooperativa. Obenefício seria efetivado indiretamente, possivelmente naqualidade e disponibilidade de outros serviços, ouposteriormente, possivelmente quando da distribuição dosresíduos gerados (SMITH, 1984, 1988; SMITH et al., 1981).

O extremo do segundo caso, supondo umaorientação completa com vistas aos cooperados tomadoresde recursos, significaria a cooperativa maximizar o resultadoparcial a partir das captações de depósitos – remuneraçãomínima aos depósitos, com base nas opções disponíveisno mercado – para então subsidiar a menor taxa de jurospossível, nas operações de crédito (SMITH, 1984, 1988;SMITH et al., 1981).

O extremo do terceiro caso, ao contrário e supondoorientação completa para privilégio aos cooperadospoupadores, significaria maximização parcial do resultadoa partir das operações de crédito – cobrança máxima pelosempréstimos, com base também nas opções do mercado –para então suportar a maior remuneração possível nasoperações de aplicação de recursos (SMITH, 1984, 1988;SMITH et al., 1981).

Finalmente o quarto caso, ainda conforme Smith(1984, 1988) e Smith et al. (1981) e supondo o equilíbrio detratamento a ambos os tipos de agentes, significariamaximização direta e imediata do ganho total deles. Nessaestratégia, cada ganho extra a um dos grupos, uma unidademonetária a menos cobrada dos tomadores por exemplo,levaria ao mesmo ganho ao outro grupo, no exemplo umaunidade a mais de remuneração aos poupadores.

Diferentes estudos empíricos procuraram testar taisproposições sobre a orientação operacional decooperativas de crédito, a começar pelo próprio Flannery(1974). A partir de uma amostra aleatória de 1.016cooperativas federais de crédito americanas (universo de

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (5)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.294

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

12.717 organizações) e utilizando dados contábeis dedezembro de 1972, o autor identificou 233 orientadas aospoupadores (39,6%), 143 aos tomadores (24,3%) e 213 deorientação neutra em relação a um ou outro grupo (36,2%)(362 não puderam ser classificadas e 65 foram excluídasdos testes devido a faltas de dados). Vale ressaltar que60,4% das que puderam ser classificadas (356 de 589)“desempenham bem o tipo de serviço comumente atribuídoa cooperativas de crédito: são ou neutras ou orientadasaos tomadores” (FLANNERY, 1974, p. 140).

Além dessa, outras pesquisas foram desenvolvidasvisando à classificação de cooperativas de crédito conformeseus objetivos operacionais na intermediação financeira:Patin Junior & McNeil (1991), em amostra de 9.660cooperativas de crédito americanas e dados contábeis de1985: 45,1% com orientação neutra, 15,6% orientadas aostomadores e 39,3% orientadas aos poupadores; McKillop& Ferguson (1998), em 283 cooperativas de crédito do ReinoUnido, dados contábeis de 1994: resultados opostos aosverificados para as cooperativas americanas, 14,1% comorientação neutra, 85,9% com orientação aos cooperadostomadores de recursos e nenhuma das estudadas orientadaaos poupadores. Revisões de pesquisas empíricas,relacionadas a esse padrão de comportamento decooperativas de crédito podem ser verificadas em Canninget al. (2003) e Leggett & Stewart (1999).

Essas alternativas indicadas para a política daintermediação financeira representam parte do conjuntode decisões gerenciais relacionadas às sobras emcooperativas de crédito. Primeiramente em relação àsestratégias 2, 3 e 4 indicadas anteriormente, em que há umadistribuição imediata de benefícios aos associados, ospread seria gerado no montante mínimo para custeiooperacional e não haveria, conseqüentemente, sobrasoperacionais da intermediação financeira. Assim, caso adecisão da política operacional fosse por uma dessasalternativas, qualquer montante potencial de sobras seriainstantânea e diretamente distribuído aos cooperados.

Por outro lado, considerando a primeira estratégiaindicada ou posturas mais conservadores nas outras três –ainda que privilegiando um ou outro grupo ou ambos,poder-se-iam estabelecer taxas de juros para empréstimose operações de crédito que significassem spread acimados custos operacionais – seriam geradas sobrasoperacionais. Nesse caso, a decisão gerencial estariafocada, não na distribuição implícita das sobras, mas nageração de superávit nos resultados operacionaisperiódicos da cooperativa, para então posterior decisãoquanto à devolução aos cooperados (distribuição explícita).

Em resumo, supondo o estabelecimento de algumameta para sobras operacionais a partir da atividade deintermediação financeira, essas poderiam ser geradas dadiferença entre o spread e os custos operacionais.Possivelmente uma situação comum é a do que parte doganho potencial aos cooperados, pela atuaçãocooperativada, seja distribuído de forma implícita, por meiode melhores taxas de juros ao longo das operações (maioresou menores, aos poupadores ou tomadoresrespectivamente); o complemento não distribuídoimediatamente comporia, por deliberação gerencial, umsaldo de sobra operacional do período e receberia posteriordestinação, explícita, a depender de outras deliberaçõesdos gestores e de dirigentes da organização, bem comodos próprios cooperados reunidos em Assembleia Geral.

Essa destinação explícita de resultados pode serfeita, de modo geral, a investimentos na própria cooperativa –manutenção das sobras no patrimônio líquido da entidade(transferência para capital social ou para reservas, divisíveisou indivisíveis), em contrapartida a aplicações em aumentode capital de giro ou de ativos não circulantes – ou paradevolução propriamente dita aos cooperados, por meio dedepósito nas respectivas contas correntes. Ou seja, tendo-se sobras ao final de cada exercício, têm-se recursos parafortalecimento da organização cooperativa e/ou paradistribuição aos sócios cooperados.

Especificamente em relação a essa distribuição dassobras operacionais geradas, pelo menos três decisõesgerenciais podem ser identificadas.

A primeira trata da divisão entre o montante a serdestinado a reservas indivisíveis, de propriedade de todaa sociedade cooperativa, e o montante a ser destinadopara devolução aos cooperados.

A legislação cooperativista brasileira estabeleceque, pelo menos, 15% das sobras líquidas seja reservadaou aprovisionada de forma indivisível aos cooperados[pelo menos 10% em reserva Legal, destinada a repararperdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades,e pelo menos 5% em reserva ou provisão denominadaFundo de Assistência Técnica, Educacional e Social(FATES), destinado à prestação de assistência aoscooperados, seus familiares e possivelmente aosempregados da cooperativa (BRASIL, 1971)]; ainda,resultados positivos de operações com não cooperadose de investimentos em sociedades não cooperativas serãodestinados obrigatoriamente ao FATES (BRASIL, 1971).Não obstante as destinações legais, podem-se estabelecerem estatuto porcentagens maiores das sobras ou outrasdestinações para essas composições.

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (6)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 295

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

A segunda decisão ocorre após a definição domontante a ser devolvido aos cooperados, em função dasdestinações indivisíveis. A legislação determina que sobraslíquidas sejam rateadas aos cooperados proporcionalmenteàs operações realizadas (BRASIL, 1971; LONDERO, 2005).

Entretanto, a parte das sobras líquidas originadanas atividades de intermediação financeira – spread – écomposta pela diferença entre valores de juros recebidospelos empréstimos e pagos pelos depósitos; ou seja, ummesmo valor de spread é originado de diferentes operações,com diferentes cooperados.

Para o rateio desse valor entre ambos grupos decooperados – tomadores e aplicadores de recursos – seránecessário o estabelecimento de algum critério querepresente a participação de cada um nesse valor.

A terceira decisão ocorre após o rateio das sobrasdivisíveis aos cooperados, uma vez que se deve definirquanto à forma dessa devolução. Especialmente emcooperativas de crédito, essa devolução pode ser feita pordepósito em conta corrente – disponibilização imediata –ou por integralização em conta de capital – indisponívelimediatamente aos sócios, mas passível de reconhecimentocomo investimento pessoal e com potencial de realizaçãoem caixa, caso seja do interesse do cooperado(normalmente por meio de solicitação de demissão dasociedade).

A especificidade dessas decisões sobredistribuição de resultados em cooperativas de créditodemanda o presente estudo e a proposição de um modelo,para tipificação dessas estratégias de distribuição.

2 TIPIFICAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE SOBRASEM COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Para o estudo das estratégias de distribuição desobras de cooperativas de crédito, é proposto um modelode tipificação dessas organizações (subseção 3.2, a seguir);antes, entretanto, é descrita a amostra de cooperativas decrédito rural que será utilizada no estudo (subseção 3.1),para em seguida proceder-se à análise e discussão dessasestratégias por meio de indicadores de rentabilidade(subseção 3.3).

3.1 Amostra

Na Tabela 2, está apresentada a listagem dascooperativas de crédito rural do estado de São Paulo, deacordo com informação do BACEN, em janeiro de 2008(BACEN, 2008c); as cooperativas estão ordenadas de formadecrescente pelo ativo total contabilizado em seus

respectivos balanços patrimoniais, de 31 de dezembro de2007 (BACEN, 2007).

As cooperativas foram agrupadas em quartis,indicados na última coluna da referida tabela; assim,selecionou-se para utilização na pesquisa a amostra doprimeiro quartil, para um estudo multicaso das sete maiorescooperativas singulares de crédito rural do estado de SãoPaulo, de acordo com o ativo total de 31 de dezembro de2007.

Esse critério foi utilizado, pois essas cooperativasapresentam informações suficientes para o estudo noperíodo considerado, inclusive permitindo análisespormenorizadas, possibilitando análise de informaçõesadicionais às já disponibilizadas pelo Banco Central doBrasil. Ainda, essas cooperativas apresentam-se emadiantado estágio no ciclo de vida organizacional, o quepossibilita uma análise detalhada de estratégias dedistribuição de sobras.

Deve-se ressaltar que essas sete cooperativas sãosignificativas pois representam, conjuntamente, 88,5% doativo total das cooperativas singulares de crédito ruralregistradas em São Paulo, naquela data-base.

Pode-se verificar que das cooperativas estudadasem multicaso, seis estão sediadas na mesorregião deRibeirão Preto, e uma na mesorregião de Piracicaba, sendoque ambas são mesorregiões do estado de São Paulo, comforte tradição agrícola. Tem-se que considerar que todasessas sete cooperativas de crédito rural mantêm forterelacionamento com cooperativas agropecuárias de suasrespectivas regiões, compartilhando parte considerável doquadro social. Três delas são compostas principalmentepor produtores de cana-de-açúcar; uma por produtores decafé e as demais, por produtores de grãos e outros produtosagropecuários diversos.

3.2 Modelo de tipificação de acordo com padrões dedistribuição de sobras

O modelo proposto para tipificação de cooperativasde crédito é desenvolvido com base nos padrões dedistribuição das sobras aos cooperados. Na Figura 1, aseguir, estão ilustradas as possíveis destinações às sobrastotais, geradas em cooperativas de crédito.

A tipificação da distribuição de sobras proposta éelaborada analisando-se os resultados de duas decisões:a) quanto à divisão das sobras a destinos divisíveis ouindivisíveis aos cooperados, e b)quanto a definição quantoà devolução das sobras divisíveis em conta corrente ouem conta de capital social. No âmbito dessas definições,

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (7)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.296

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

TABELA 2 – Listagem das cooperativas de crédito rural paulistas e de seus respectivos ativos totais em Dezembro de2007.

Sigla Razão Social Município

(sede) Ativo Total

(Dez. 2007, R$)

Grupo (quartil)

CREDICITRUS Cooperativa De Crédito Rural

Coopercitrus Bebedouro 1.225.924.197,59 1

COCRED Cooperativa De Crédito Dos

Plantadores De Cana De Sertãozinho Sertãozinho 571.152.242,69 1

COOPECREDI Cooperativa De Crédito Rural Dos Plantadores De Cana Da Zona De

Guariba Guariba 425.577.879,68 1

COCREFOCAPI

Cooperativa De Crédito Rural Dos Fornecedores De Cana E

Agropecuaristas Da Região De Piracicaba

Piracicaba 155.343.747,62 1

CREDICOONAI Cooperativa De Crédito Rural Coonai Ribeirão

Preto 152.265.833,84 1

CREDICOCAPEC Cooperativa De Crédito Rural

Cocapec Franca 68.884.692,34 1

CREDICAROL Cooperativa De Crédito Rural Da

Região De Orlândia Orlândia 67.400.567,12 1

CREDISAN Cooperativa De Crédito Rural Da

Região Da Mogiana São João da Boa Vista

46.536.068,36 2

Cooperativa De Crédito Rural Da Alta Paulista

Adamantina 40.201.991,06 2

CREDICAP Cooperativa De Crédito Rural Dos Plantadores De Cana Da Região De

Capivari Capivari 38.826.062,57 2

CREDIMOTA Cooperativa De Crédito Rural De

Cândido Mota Cândido

Mota 28.411.645,94 2

COFOCRED Cooperativa De Crédito Rural Dos

Fornecedores De Cana Da Região De Catanduva-Cofocred

Catanduva 27.011.704,59 2

CREDIVALE Cooperativa De Crédito Rural Do Vale

Do Paranapanema Presidente Prudente

25.511.488,11 2

CREDICANA Cooperativa De Crédito Rural Dos

Produtores Agrícolas E Pecuários Da Média Sorocabana

Assis 23.633.794,10 2

CREDICERIPA Cooperativa De Crédito Rural De Itaí-

Paranapanema-Avaré Itaí 20.514.290,55 2

CREDICAZOLA Cooperativa De Crédito Rural Cazola Lucélia 19.345.648,67 3

COCREJAU Cooperativa De Crédito Rural De Jaú

E Região Jaú 17.818.660,58 3

Continua…To be continued…

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (8)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 297

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Sigla Razão Social Município

(sede) Ativo Total

(Dez. 2007, R$)

Grupo (quartil)

COOPCRED

Coopcred-Cooperativa De Crédito Dos Fornecedores De Cana E

Agropecuaristas Da Região Oeste Paulista

Valparaíso 11.415.117,38 3

COOPERCRED Cooperativa De Crédito Dos

Fornecedores De Cana De Barra Bonita E Região

Barra Bonita 8.309.418,07 3

CREDLÍDER Cooperativa De Crédito Rural Do

Extremo Oeste De São Paulo Votuporanga 6.362.516,56 3

Cooperativa De Crédito Dos Plantadores De Cana Da Região De

Lençóis Paulista

Lençóis Paulista

6.326.667,18 3

CREDISOLO Cooperativa De Crédito Rural Do

Planalto Paulista – Credisolo Garça 5.403.120,07 3

Cooperativa De Crédito Dos Fornecedores De Cana Do Centro Do

Estado De São Paulo Araraquara 4.267.356,77 3

CREDICOLASO Cooperativa De Crédito Rural

Agropecuária Do Sudoeste Paulista Sorocaba 3.590.749,51 4

CREDIMOGIANA Cooperativa De Crédito Rural Da

Baixa Mogiana Mogi-Mirim 3.340.175,91 4

CRERURAL Cooperativa De Crédito Rural Dos Plantadores De Cana Da Região De

Igarapava Igarapava 3.285.741,51 4

SUDOCRED Cooperativa De Crédito Rural Do

Sudoeste Paulista Itapetininga 3.245.186,40 4

CREDISBO

Cooperativa De Crédito Dos Fornecedores De Cana E Dos

Agropecuários Da Região De Santa Bárbara D'oeste

Santa Bárbara D'oeste

1.731.170,43 4

Cooperativa De Crédito Rural Dos Agropecuaristas Da Região De Porto

Feliz Porto Feliz 750.112,26 4

Cooperativa De Crédito Rural Solidário De Ribeirão Branco

Ribeirão Branco

4

TABELA 2 – Continua…TABLE 2 – Continued…

Fontes: Bacen (2007, 2008c).

ocorre todo o possível conjunto limitado de estratégias dedistribuição de resultados aos cooperados:

• Destinação das sobras a reservas e provisõesindivisíveis, em limites superiores aos exigidos pelalegislação, não ocorrendo portanto distribuição delasde forma individualizada aos cooperados (1).

• Destinação de parte das sobras a reservas e provisõesindivisíveis e da parte restante ao capital social individualdos cooperados, no patrimônio líquido da cooperativae, portanto, indisponível imediatamente a eles (2).• Também destinação de parte das sobras a reservase provisões indivisíveis e da parte restante,

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (9)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.298

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Sobras (a)

(1)

Sobras individualizadas

(divisíveis)

(b)

Conta Corrente

(3)

Capital Social

(2)

Sobras coletivizadas

(indivisíveis)

Provisões

Reservas

FIGURA 1. Distribuição das sobras, especificamente para cooperativas de crédito.

diretamente aos cooperados, nas respectivas contascorrentes, passível de utilização imediata (3).

Para análise do padrão de distribuição deresultados aos cooperados, é utilizado um valor de sobrastotais geradas aos cooperados, oriundo das sobrasgeradas em cada exercício social das cooperativas, maisalguns ajustes.

O cálculo das sobras totais geradas aos cooperadosé feito somando-se às sobras líquidas do exercício –diferença entre ingressos e dispêndios totais – os seguintesvalores, quando existentes: baixa no exercício de reservade reavaliação, resultado proveniente de ajuste de exercícioanterior, capitalização de reservas de lucros creditadas emexercícios anteriores, e valor líquido dos juros sobre capitalpróprio debitados do resultado do exercício.

No Quadro 1, a seguir, estão indicados esse cálculoe as respectivas contabilizações, que geram os valores aserem considerados. Ressalta-se que as contas contábeis,indicadas no quadro abaixo, e nos próximos sãoprovenientes do COSIF, conforme normatização do Bacen(1987).

A partir do total de sobras geradas aos cooperados,identifica-se quanto desse resultado é destinado de formaindividual aos cooperados e quanto é tornado indivisível,pertencente, a partir de então, de forma coletiva a todo oquadro social da cooperativa.

Primeiro, a parte individualizada: é composta pelomontante do resultado devolvido aos cooperados em conta

corrente, mais o montante capitalizado individualmente;esse, por sua vez, é resultado da devolução do resultadoem conta de capital social, mais a transferência ao capital apartir de reservas de lucros, mais os juros sobre capitalpróprio pagos no exercício. Em detalhe, no Quadro 2,indicando-se também as contabilizações que deram origemaos valores considerados no cálculo.

Vale ressaltar que a efetivação da capitalização eda devolução em conta corrente dos resultados podeser feita logo ao encerramento do exercício e/ou no iníciodo exercício seguinte, quando da Assembleia GeralOrdinária (AGO) da cooperativa. Isso, porque cadacooperativa descreve, no respectivo estatuto social, asregras relativas à distribuição das sobras líquidas decada exercício – descontadas as destinaçõesobrigatórias – inclusive a parcela a ser destinada àdeliberação da AGO. Não obstante, o cálculo indicadoacima para análise da distribuição dos resultadosconsidera a totalidade das distribuições das sobras –em conta corrente ou de capital – no mesmo exercícioem que foram geradas.

Em seguida, calcula-se a parte coletivizada dassobras totais geradas aos cooperados: é composta pelasomatória dos montantes destinados à reserva Legal, àcomposição de outras reservas de Lucros, à composiçãodo FATES e à composição de outros fundos que tenhamsido criados na cooperativa com essa característica deindivisibilidade. O cálculo detalhado está indicado noQuadro 3.

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (10)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 299

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

QUADRO 1 – Cálculo das sobras totais geradas aos cooperados.

Item de Cálculo Contabilização de Origem

Total de Ingressos Contas de resultado credoras a Sobras e perdas acumuladas

(-) Total de Dispêndios Sobras e perdas acumuladas a Contas de resultado devedoras

(=) Sobras líquidas do exercício

(+) Baixa de Reserva de reavaliação Reservas de reavaliação a Sobras e perdas acumuladas

(+) Resultado do exercício anterior Diversos (ajustes do exercício anterior) a Sobras e perdas acumuladas

(+) Capitalização de reservas de lucros Reservas de lucros a Capital social

(+) Juros sobre capital próprio (líquido) Despesas de juros ao capital a Reservas especiais de lucros a Dividendos e bonificações a pagar

(=) Sobras totais geradas aos cooperados

QUADRO 2 – Cálculo das sobras totais geradas aos cooperados.

Item de Cálculo Contabilização de Origem

Devolução de sobras aos cooperados em conta corrente Sobras ou Perdas Acumuladas a Depósitos à Vista

(+) Devolução de sobras aos cooperados em conta capital

Sobras ou Perdas Acumuladas a Capital Social

(+) Capitalização de reservas de lucros Reservas de lucros a Capital social

(+) Juros sobre capital próprio (líquido) Despesas de juros ao capital a Reservas especiais de lucros a Dividendos e bonificações a pagar

(=) Sobras individualizadas (divisíveis)

Considerando-se que, ao encerramento da AGOseguinte a cada exercício social, a conta Sobras e perdasacumuladas é zerada, então a totalidade dos resultadosgerados aos cooperados é distribuída conforme indicadonos cálculos acima. Verificando-se, então, a divisão dassobras totais geradas aos cooperados, nos montantesdivisíveis e indivisíveis, propõe-se o modelo de tipificaçãoda distribuição de sobras de cooperativas de crédito,conforme descrito no Quadro 4, a seguir.

Nesse modelo sugerido para tipificação decooperativas de crédito, separam-se inicialmente, no tipoI, as cooperativas que destinam alguma parte dosresultados direta e explicitamente aos cooperados, por meiode depósito em conta corrente; isso, independentemente

da distribuição do restante dos resultados. Essacaracterística pode ser importante para incentivo contratualà participação e à fidelidade dos cooperados, pois elesrecebem em dinheiro alguma parte dos resultados auferidospela cooperativa.

Após essa separação inicial, e sobrando entãosomente as cooperativas que não devolvem resultadosem conta corrente, classificam-se as restantes de acordocom as destinações em maior montante, seja ao capitalsocial ou às reservas/provisões indivisíveis,respectivamente tipos II e III.

Para as análises multicaso, incluindo o diagnósticoe a tipificação da distribuição de sobras, foramencaminhados questionários às sete cooperativas

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (11)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.300

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Item de Cálculo Contabilização de Origem

Composição de reserva legal Sobras ou Perdas Acumuladas à Reserva Legal

(+) Composição de outras Reservas de lucros

Sobras ou Perdas Acumuladas à Reservas estatutárias à Reservas para contingências à Reservas para expansão à Reservas de lucros a realizar à Reservas especiais de lucros

(+) Composição de FATES Sobras ou Perdas Acumuladas a Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social

(+) Composição de outros fundos indivisíveis que tenham sido criados na cooperativa

Sobras ou Perdas Acumuladas a Diversos (específico em cada cooperativa com esse tipo de aprovisionamento)

(=) Sobras coletivizadas (indivisíveis)

QUADRO 3 – Cálculo da parcela das sobras coletivizada ao quadro social da cooperativa.

QUADRO 4 – Descrição do modelo para tipificação da distribuição de resultados aos cooperados de cooperativas decrédito.

Tipo de Coope-rativa

Especificação (quanto à distribuição das sobras totais geradas aos cooperados)

Descrição

I Alguma parte das sobras devolvida em dinheiro na Conta Corrente dos

cooperados.

Cooperativas que devolvem alguma parte do resultado em dinheiro nas contas correntes dos cooperados.

II Maior parte das sobras devolvida no

Capital Social dos cooperados.

Cooperativas que devolvem maior parte dos resultados nas contas capital social dos cooperados do que em reservas indivisíveis; não há devolução em conta corrente.

III Maior parte das sobras destinada a

reservas/provisões Indivisíveis.

Cooperativas que devolvem maior parte dos resultados às reservas e provisões indivisíveis do que nas contas capital social dos cooperados; também não há devolução em conta corrente.

selecionadas, solicitando informações complementares aosdados contábeis disponibilizados pelo BACEN, bem comonúmeros específicos sobre a distribuição das sobraslíquidas aos cooperados, as mutações da conta de capitalsocial, e a evolução do quadro social.

As análises dessas respostas permitem os cálculosdas destinações das sobras totais geradas por elas, noscinco anos indicados para estudo. Assim, tipificam-se ascooperativas de acordo com o modelo proposto acima,nos tipos I, II ou III, em função do padrão de distribuiçãode resultados aos cooperados.

Na Tabela 3, a seguir, estão apresentadas asporcentagens das destinações das sobras totais geradas

a cada ano, de 2003 a 2007, de cada cooperativa estudada;estão indicados também a média e o desvio padrão dessesquocientes no período.

Considerou-se, para a tipificação que, quando háalguma distribuição em conta corrente a cooperativa éclassificada como tipo I; para os outros casos, considerou-se a proporção maior, isso é, quando a distribuição de sobraspara capital social é proporcionalmente maior do que adistribuição para reservas indivisíveis, a cooperativa étipificada como II; no caso inverso, ela é tipificada como III.

O resultado da tipificação está apresentado noQuadro 5, abaixo. Estão apresentados os tipos de cadacooperativa, a cada ano do estudo, e a moda dessas

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (12)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 301

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

TABELA 3 – Destinações das sobras totais geradas aos cooperados, pelas cooperativas de crédito rural estudadas, de2003 a 2007.

Cooperativa Destinação das Sobras 2003 2004 2005 2006 2007 Média (DP)

Conta Corrente 13,3% 17,6% 24,1% 19,5% 12,5% 35,6% (21,2%)

Capital Social 63,5% 59,6% 53,0% 43,3% 15,5% 47,0% (19,2%) COOPECREDI

Indivisíveis 23,2% 22,8% 22,9% 37,2% 72,0% 17,4% (4,7%)

Conta Corrente 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

0,0% 0,0% (0,0%)

Capital Social 85,0% 85,0% 85,0% 85,0% 72,9% 82,6% (5,4%) CREDICOONAI

Indivisíveis 15,0% 15,0% 15,0% 15,0% 27,1% 17,4% (5,4%)

Conta Corrente 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

0,0% 0,0% (0,0%)

Capital Social 6,5% 7,5% 6,6% 8,3%

11,1% 8,0% (1,9%) CREDICAROL

Indivisíveis 93,5% 92,5% 93,4% 91,7% 88,9% 92,0% (1,9%)

Conta Corrente 15,3% 15,0% 15,8% 12,2% 13,5% 14,3% (1,5%)

Capital Social 9,1% 10,7% 22,6% 43,6% 30,6% 23,3% (14,4%) CREDICITRUS

Indivisíveis 75,6% 74,3% 61,6% 44,2% 56,0% 62,3% (13,1%)

Conta Corrente 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

0,0% 0,0% (0,0%)

Capital Social 10,0% 43,7% 51,1% 51,7% 55,5% 42,4% (18,6%) COCREFOCAPI

Indivisíveis 90,0% 56,3% 48,9% 48,3% 44,5% 57,6% (18,6%)

Conta Corrente 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

0,0% 0,0% (0,0%)

Capital Social 30,1% 16,2% 42,5% 42,5% 43,8% 35,0% (11,9%) CREDICOCAPEC

Indivisíveis 69,9% 83,8% 57,5% 57,5% 56,2% 65,0% (11,9%)

Conta Corrente 8,7% 5,7% 7,3% 13,8% 10,8% 9,3% (3,1%)

Capital Social 36,2% 37,6% 36,2% 27,9% 30,3% 33,7% (4,3%) COCRED

Indivisíveis 55,0% 56,7% 56,4% 58,3% 58,9% 57,1% (1,6%)

QUADRO 5 - Tipificação das cooperativas de crédito rural estudadas, de acordo com padrões de distribuição de resultados.

indicações para o período; é utilizada essa estatística paraa tipificação temporal das cooperativas, também utilizadano restante das análises.

Pode-se verificar que, três cooperativas destinamalguma parte dos resultados aos cooperados por meio dedepósitos em conta corrente. As outras quatro não fazemisso, garantindo a manutenção da totalidade dos recursosem caixa, sob administração de seus próprios gestores.

Ainda, duas delas têm como padrão a destinação da maiorparte dos resultados às contas do capital social doscooperados – recursos mantidos no patrimônio líquido daentidade, ainda que contabilizados individualmente aossócios – enquanto outras duas têm como padrão adestinação da maior parte dos resultados a reservas eprovisões indivisíveis. Entre as cooperativas, há aCOCREFOCAPI, única que muda a estratégia ao longo

Cooperativa 2003 2004 2005 2006 2007 Moda

COOPECREDI I I I I I I CREDICOONAI II II II II II II CREDICAROL III III III III III III CREDICITRUS I I I I I I COCREFOCAPI III III II II II II

CREDICOCAPEC III III III III III III COCRED I I I I I I

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (13)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.302

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

dos anos: nos dois anos iniciais, distribuiu as sobrasprimordialmente em reservas indivisíveis, e nos três anossubsequentes, no capital social dos sócios. O resumodessa tipificação está apresentado no Quadro 6, a seguir.

3.3 Análise e discussão dos resultados

Como meio à análise e discussão sobre a tipificaçãoproposta, procede-se a uma análise de rentabilidade dascooperativas estudadas; pretende-se verificar se há ou nãoaproximação entre essas estratégias e, de acordo com ahipótese inicial, o ciclo de vida ou o desempenho dessasorganizações. A análise da rentabilidade das cooperativasde crédito é feita por meio de dois indicadores, retorno sobreos ativos (ROA) e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE).

O retorno médio sobre os ativos (ROA) é calculadoa partir do quociente entre o resultado líquido do período –ingressos menos dispêndios incorridos – e o ativo totalmédio. O ROE, por sua vez, é calculado de forma similar,mas tendo-se no denominador do quociente o patrimôniolíquido médio no período. Os indicadores calculados doretorno sobre os ativos das cooperativas de crédito ruralda amostra estão apresentados na Tabela 4, abaixo.

Analisando esses resultados, verifica-se que duasdas três cooperativas com maiores valores do ROA seguema estratégia I, de devolução de alguma parte do resultadototal gerado nas contas correntes dos cooperados(Credicitrus e Cocred). Entretanto, a terceira dessascooperativas segue a estratégia III, da destinação da maiorparte de seus resultados a reservas e provisões indivisíveis(Credicarol).

Em relação aos menores patamares do ROA, asoutras quatro cooperativas estão espalhadas também pelastrês estratégias de distribuição de resultados, nãoparecendo haver correspondência entre a forma dedistribuição de sobras escolhida e esse indicador dedesempenho, nos casos estudados.

Em relação ao patrimônio líquido das cooperativasestudadas, foram calculados também os indicadores derentabilidade. Na Tabela 5, abaixo, estão resumidos osdados utilizados no cálculo desse indicador, bem comoapresentados os resultados do quociente de rentabilidadepara as sete cooperativas da amostra, ao longo dos cincoanos do estudo.

Os quocientes de retorno sobre o patrimôniolíquido são também analisados diferencialmente, deacordo com a tipificação sugerida para as cooperativasde crédito. Duas cooperativas entre as três do tipo Iapresentam os maiores valores da rentabilidade sobre o

patrimônio líquido, tanto na média do período estudado,quanto no ano de 2007: Credicitrus e Cocred. As outrascinco cooperativas, dos tipos II e III, mais a terceira dotipo I, apresentam valores de rentabilidade similares,menores do que daquelas duas.

Assim como observado quanto ao retorno sobreos ativos, os valores analisados da rentabilidade sobre opatrimônio líquido não parecem se identificar com algumtipo específico de cooperativa, tipificadas no que tange àdistribuição dos resultados, nesses estudos de casorealizados.

Os resultados dessa tipificação podem seranalisados também com base em informações sobre ocrescimento dessas cooperativas estudadas no períodoestudado; para crescimento, são utilizados dois conjuntosde dados: quantidade de cooperados ativos e ativo total.

Primeiro, em relação à evolução dos quadrossociais, os dados estão apresentados na Tabela 6 abaixo,incluindo uma estatística de crescimento anual médio linear.Considerando os dados finais de 2007, duas das trêscooperativas do tipo I são as maiores da amostra estudada(Credicitrus e Cocred); as duas do tipo III são as menorescooperativas, e as duas do tipo II apresentam quantidadesintermediárias para essa amostra.

Em termos de taxas de crescimento, as duasindicadas do tipo I foram as que apresentaram maiorestaxas de crescimento linear do quadro social de 2003 a2007; as demais, incluindo a Coopecredi (tipo I), apresentamtaxas de crescimento próximas, todas abaixo de 10% aoano, em média.

Segundo, em relação aos totais de ativos dessascooperativas, contabilizados nos respectivos balanços dosfinais dos anos estudados; dados apresentados na Tabela7, a seguir, também incluindo estatística de crescimento anualmédio linear. Olhando-se primeiro para os números do finalde 2007, percebe-se uma clara divisão das sete cooperativasnos três grupos indicados: as maiores cooperativas são asdo tipo I, e as menores as do tipo III, sendo as do tipo II detamanho intermediário entre as demais. Vale ressaltar que ascooperativas dos grupos II e III apresentaram, intragrupos enaquele ano, tamanhos bastante similares.

Em relação às taxas de crescimento anual médias,não há a mesma correspondência, mas há observações aserem destacadas. As que menos cresceram no períodoforam as duas cooperativas do tipo III; as do tipo II, poroutro lado, representam a primeira e a terceira de maiorcrescimento, restando portanto as três do tipo I comosegunda, quarta e quinta, na ordem decrescente de aumentodos ativos no período.

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (14)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 303

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

QUADRO 6 - Indicação das cooperativas em cada tipo quanto ao padrão de distribuição de resultados.

TABELA 4 - Médias anuais do retorno sobre ativos das cooperativas de crédito rural estudadas (período: 2003-07).

Cooperativa Item 2003 2004 2005 2006 2007 Média (DP)

TIPO I: Alguma parte das sobras devolvida em dinheiro na Conta Corrente dos cooperados. Retorno médio anual 15,8% 14,3% 15,1%

13,0% 10,5% 13,7% (2,1%)

Custo médio anual 13,1% 12,0% 12,8%

10,8% 8,9%

11,5% (1,7%) COOPECREDI

ROA 2,7% 2,2% 2,3%

2,2% 1,6%

2,2% (0,4%)

Retorno médio anual 25,6% 24,3% 22,1%

18,7% 16,2% 21,4% (3,9%)

Custo médio anual 15,5% 16,1% 16,5%

14,4% 11,6% 14,8% (2,0%) CREDICITRUS

ROA 10,1% 8,2% 5,5%

4,3% 4,6%

6,5% (2,5%)

Retorno médio anual 24,8% 23,4% 25,6%

21,4% 20,9% 23,2% (2,0%)

Custo médio anual 15,3% 13,9% 18,9%

14,8% 12,8% 15,1% (2,3%) COCRED

ROA 9,4% 9,5% 6,7%

6,7% 8,2%

8,1% (1,4%)

TIPO II: Maior parte das sobras devolvida no Capital Social dos cooperados.

Retorno médio anual 30,4% 31,2% 34,1%

24,7% 20,3% 28,1% (5,5%)

Custo médio anual 25,0% 25,7% 30,4%

20,3% 17,4% 23,8% (5,0%) CREDICOONAI

ROA 5,3% 5,4% 3,7%

4,4% 2,8%

4,3% (1,1%)

Retorno médio anual 19,8% 18,1% 18,3%

14,3% 12,7% 16,6% (3,0%)

Custo médio anual 16,7% 14,0% 14,2%

10,9% 10,4% 13,3% (2,6%) COCREFOCAPI

ROA 3,1% 4,1% 4,1%

3,4% 2,3%

3,4% (0,8%)

TIPO III: Maior parte das sobras destinada a reservas/provisões Indivisíveis.

Retorno médio anual 23,2% 23,0% 23,0%

18,7% 14,4% 20,5% (3,9%)

Custo médio anual 13,9% 11,1% 10,7%

10,3% 9,0%

11,0% (1,8%) CREDICAROL

ROA 9,4% 11,9% 12,4%

8,4% 5,4%

9,5% (2,8%)

Retorno médio anual 27,1% 20,8% 21,1%

18,7% 16,3% 20,8% (4,0%) Custo médio anual 25,4% 18,9% 17,0%

13,6% 13,6% 17,7% (4,9%) CREDICOCAPEC ROA 1,6% 1,9% 4,0%

5,1% 2,7%

3,1% (1,5%)

Tipo

Especificação (quanto à distribuição dos resultados totais

gerados aos cooperados) Cooperativas

I Alguma parte das sobras devolvida em

dinheiro na Conta Corrente dos cooperados. COOPECREDI CREDICITRUS COCRED

II Maior parte das sobras devolvida no Capital

Social dos cooperados. CREDICOONAI COCREFOCAPI

III Maior parte das sobras destinada a

reservas/provisões Indivisíveis. CREDICAROL CREDICOCAPEC

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (15)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.304

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

TABELA 5 - Cálculo do retorno sobre o patrimônio líquido das cooperativas de crédito rural estudadas (período: 2003-07).

Cooperativa

Item 2003 2004 2005 2006 2007 Média (DP)

TIPO I: Alguma parte das sobras devolvida em dinheiro na Conta Corrente dos cooperados. Sobras líquidas

4.121.649,27 4.278.562,81 4.743.172,08 6.301.517,75 6.811.050,34

PL médio

21.011.421,97

24.690.995,21

29.480.721,1

4 34.851.574,9

3 46.462.677,3

9

COOPE-CREDI

ROE 19,6% 17,3%

16,1% 18,1% 14,7% 17,2% (1,9%)

Sobras líquidas

32.222.644,94

35.566.615,13

36.184.469,83

36.705.455,17

50.056.171,09

PL médio

75.099.697,73

108.485.874,82

139.449.690,19

174.687.474,48

264.402.971,11

CREDI-CITRUS

ROE 42,9% 32,8%

25,9% 21,0% 18,9% 28,3% (9,7%)

Sobras líquidas

19.609.639,79

19.244.536,42

17.938.171,82

25.097.051,16

41.014.455,00

PL médio

67.840.420,20

84.882.456,49

99.502.009,11

111.001.286,42

141.256.406,13

COCRED

ROE 28,9% 22,7%

18,0% 22,6% 29,0% 24,3% (4,7%)

TIPO II: Maior parte das sobras devolvida no Capital Social dos cooperados. Sobras líquidas

1.453.675,86 2.009.522,38

1.719.732,21 3.340.971,44 3.604.192,04

PL médio

6.335.428,54 8.379.043,93

10.247.008,53

14.175.950,96

28.667.641,65

CREDI-COONAI

ROE 22,9% 24,0%

16,8% 23,6% 12,6% 20,0% (5,1%)

Sobras líquidas

1.480.323,10 2.229.407,27

2.934.954,19 3.638.014,07 3.140.244,42

PL médio

12.774.944,76

14.739.480,24

17.149.152,35

20.526.526,93

24.397.358,06

COCRE-FOCAPI

ROE 11,6% 15,1%

17,1% 17,7% 12,9% 14,9% (2,6%)

TIPO III: Maior parte das sobras destinada a reservas/provisões Indivisíveis. Sobras líquidas

3.004.340,25 3.472.916,64

4.516.969,17 4.125.551,84 3.590.379,20

PL médio

13.765.758,97

16.948.688,66

21.526.095,91

26.478.930,28

31.835.517,04

CREDI-CAROL

ROE 21,8% 20,5%

21,0% 15,6% 11,3% 18,0% (4,5%)

Sobras líquidas

424.061,75 591.558,12

1.652.516,97 2.619.647,44 1.647.874,36

PL médio

4.307.050,43 4.934.270,75

6.577.307,22 9.503.547,10 11.962.390,7

1

CREDI-COCAPEC

ROE 9,8% 12,0%

25,1% 27,6% 13,8% 17,7% (8,1%)

Média (DP) das coopera-

tivas ROE 20,0% (6,9%)

C

d

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (16)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 305

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

TABELA 7 - Totais de ativos das cooperativas estudadas (R$ mi; databases: 31/12/2003-07).

Cooperativa 2003 2004 2005 2006 2007 Cresc. Méd. Anual

TIPO I: Alguma parte das sobras devolvida em dinheiro na Conta Corrente dos cooperados.

COOPECREDI 156,7 167,0 215,9 332,7 425,6 28,4%

CREDICITRUS 354,1 519,8 751,7 1.007,2 1.225,9 36,4%

COCRED 195,9 206,5 272,7 426,1 571,2 30,7%

TIPO II: Maior parte das sobras devolvida no Capital Social dos cooperados.

CREDICOONAI 27,7 40,6 52,9 94,0 152,3 53,1%

COCREFOCAPI 51,9 62,3 84,9 137,2 155,3 31,6%

TIPO III: Maior parte das sobras destinada a reservas/provisões Indivisíveis.

CREDICAROL 31,1 28,6 40,4 59,4 67,4 21,3%

CREDICOCAPEC 28,5 28,7 47,3 54,8 68,9 24,7%

TABELA 6 - Quantidades de cooperados ativos das cooperativas estudadas (período: 2003-07).

Cooperativa 2003 2004 2005 2006 2007 Cresc. Méd. Anual

TIPO I: Alguma parte das sobras devolvida em dinheiro na Conta Corrente dos cooperados. COOPECREDI 1.192

1.247

1.287

1.497

1.727

9,7%

CREDICITRUS 8.915

10.900

16.047

20.109

28.061

33,2%

COCRED 2.914

3.396

3.822

5.145

7.669

27,4%

TIPO II: Maior parte das sobras devolvida no Capital Social dos cooperados. CREDICOONAI 5.065

5.480

5.584

5.855

6.186

5,1%

COCREFOCAPI 3.622

3.581

3.799

3.263

3.665

0,3%

TIPO III: Maior parte das sobras destinada a reservas/provisões Indivisíveis. CREDICAROL 1.724

1.616

1.360

1.602

1.879

2,2%

CREDICOCAPEC 820

906

978

1.073

1.146

8,7%

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, foram tipificadas cooperativas decrédito, de acordo com os padrões de distribuição desobras aos cooperados. Pode-se considerar que os critériospara essa distribuição são oriundos de estratégiasespecíficas para cada uma dessas organizações, nãoobedecendo a um padrão estabelecido no conjunto delas.

Também considera-se que essas estratégiastipificadas não estão, nesses casos, aparentementeassociadas com a rentabilidade apresentada pelascooperativas, seja analisada com base nos ativos, seja nopatrimônio líquido – ROA e ROE, respectivamente.

Assim, aparentemente não há associação dessaspolíticas de distribuição de sobras com a rentabilidade dascooperativas, ou ainda não é a presença de maiorrentabilidade que influencia no estabelecimento dessaspolíticas de distribuição, ou vice-versa.

Por outro lado, as maiores cooperativas da amostra –em termos de ativos totais e de quantidades de cooperados(quantidade total e taxa média de crescimento), com umaexceção nesses critérios de quadro social – são as classificadasno tipo I; as menores são as do tipo III, e as de tamanhointermediário são as do tipo II. Essa correspondência dopadrão de distribuição de resultados com o tamanho dasorganizações pode indicar que as políticas, em relação àssobras podem variar em função do estágio dedesenvolvimento no ciclo de vida em que elas se encontram.

Assim, as maiores cooperativas, tanto em termosde estrutura financeira quanto de quadro social, estariammais propensas a distribuir resultados aos cooperados; asmenores, por outro lado, possivelmente com maioresdemandas por crescimento financeiro da organização,estariam mais propensas a guardar os resultados, inclusiveem formas indivisíveis aos cooperados.

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (17)

BARROSO, M. F. G. & BIALOSKORSKI NETO, S.306

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

Deve-se considerar ainda que, a distribuição desobras em conta corrente dos produtores rurais associadospoderia sugerir uma estratégia da cooperativa para a atraçãode novos cooperados em um processo de crescimento, oude manutenção do quadro social, influindo na fidelidadedos associados já existentes na cooperativa.

Essa segunda afirmação é provavelmente coerentequando se considera o tamanho em associados dascooperativas classificadas, isso é, as cooperativasclassificadas como tipo I (menos uma) também são asmaiores cooperativas em quantidade de cooperados, e essapolítica possivelmente contribuiria para uma maior atração,incremento de operações e fidelização dos seus associados.

Futuros estudos poderiam ser desenvolvidos paraaprofundar o conhecimento nessa relação entre política dedistribuição de resultados e estágio de desenvolvimento dacooperativa, pois esse questionamento não foi objeto dapresente pesquisa. Em especial, parece necessárioquestionar se a propensão à distribuição (retenção) de sobrasestá relacionada ao fato da cooperativa já ter alcançado umtamanho satisfatório (necessitar alcançar um determinadotamanho), ou se estaria relacionada ao maior afastamento(proximidade) dos cooperados em relação às expectativas aserem realizadas por meio da cooperação.

Consideram-se importantes essas discussões,nesse estudo multicaso, uma vez que as cooperativas decrédito rural do tipo I são também aquelas maiores, maisdesenvolvidas financeiramente, e com maior volume deativos. Também as cooperativas que mais capitalizam osseus resultados são aquelas que estão ainda dependentesde um processo de crescimento e necessitam de maioresrecursos. Assim, para esses casos, o tamanho e a estratégiade crescimento seriam os determinantes das estratégiasde distribuição de sobras.

Neste estudo, há contribuição à pesquisa sobreorganizações cooperativas de crédito, especialmente porconta da discussão sobre as políticas dessas organizações,em relação às sobras. Conforme apresentado, há diversostrabalhos tratando sobre as políticas operacionais que afetama geração das sobras, especialmente pela possibilidade dosgrupos internos de cooperados poupadores ou tomadoresde recursos poderem ser privilegiados diferencialmente, pormeio de decisões gerenciais não necessariamente claras aossócios-proprietários dessas organizações. Não obstante, háque se empreender mais estudos no outro conjunto dedecisões gerenciais relacionadas às sobras: que tratam daspolíticas de distribuição das sobras geradas. O modelo detipificação aqui apresentado pode ser um instrumento útilnessa discussão.

Ainda, e complementarmente ao modelo detipificação, foram descritos métodos de ajustamento dedados contábeis de cooperativas de crédito para cálculode informações relacionadas às políticas de sobras,inclusive com indicação das contabilizações de origemdesses números. Estão descritos os métodos para cálculodo valor total de sobras geradas aos cooperados –possivelmente diferente do valor de sobras líquidas doperíodo –, bem como das parcelas dessas sobrasindividualizadas aos cooperados e coletivizadas ao quadrosocial como um todo, da cooperativa. Esses métodospodem ser úteis em futuras pesquisas relacionadas àspolíticas de distribuição de resultados em cooperativas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: umenfoque econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas,2006. 371 p.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Atualização mensal dedados. Brasília, 1 jan. 2008a.Disponível em: <http://www.BACEN.gov.br/?QEVSFN200801>. Acesso em: 21nov. 2008.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular 1.273, de 29 dedezembro de 1987. Diário Oficial da União, Brasília, p.22.923, 30 dez. 1987.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Composição: composiçãoe evolução do SFN. Brasília, 2008b. Disponível em <http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP>. Acesso em: 10 dez. 2008.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. PASCS10: acesso seguroao SISBACEN. Versão 1.5.0.5B. Brasília, 18 jul. 2007.Disponível em: <http://www.BACEN.gov.br/?SISBACEN>.Acesso em: 3 set. 2008.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relação de instituiçõesem funcionamento no país: sedes de cooperativas esociedades de crédito ao microempreendedor sob asupervisão do BACEN, em funcionamento no país. Brasília,2 jan. 2008c. Disponível em: <http://www.BACEN.gov.br/?RELINST>. Acesso em: 19 nov. 2008.

BRASIL. Presidência da República. Lei n. 5.764, de 16 dedezembro de 1971. Define a Política Nacional deCooperativismo, institui o regime jurídico das sociedadescooperativas, e dá outras providências. Diário Oficial daUnião, Brasília, 16 dez. 1971.

/www.bcb.gov.br/?SFNCOMP>

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf· Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (18)

Distribuição de resultados em cooperativas ... 307

Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 290-307, 2010

BRESSAN, V. G. F.; BRAGA, M. J. Perfil das cooperativasde crédito mútuo do estado de Minas Gerais. Revista deEconomia e Agronegócio, Viçosa, v. 4, n. 4, p. 511-531,2006.

CANNING, D.; JEFFERSON, C. W.; SPENCER, J. E. Optimalcredit rationing in not-for-profit financial institutions.International Economic Review, v. 44, n. 1, p. 243-261, 2003.

COLLI, J. A.; FONTANA, M. Contabilidade bancária. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1996. 383 p.

CROTEAU, J. T. A economia das cooperativas de crédito.São Paulo: Atlas, 1968. 212p.

FLANNERY, M. J. An economic evaluation of credit unionsin the United States. Boston: Federal Reserve Bank ofBoston, 1974. (Research Report, 54).

KRIEG, J. M. Credit unions: who is in control? NorthwestJournal of Business and Economics, 2003.

LEGGETT, K. J.; STEWART, Y. H. Multiple common bondcredit unions and the allocation of benefits. Journal ofEconomics and Finance, v. 23, n. 3, p. 235-245, 1999.

LONDERO, P. Assembleias gerais e o retorno das sobras.In: KRUEGER, G. (Coord.). Cooperativismo e o novo códigocivil. 2. ed. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p. 267-275. (Série Cooperativismo, 1).

MCKILLOP, D.; FERGUSON, C. An examination ofborrower orientation and scale effects in UK credit unions.Annals of Public and Cooperative Economics, v. 69, n. 2, p.219-242, 1998.

ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVASBRASILEIRAS. Cooperativismo de crédito brasileiro.Brasília, 2007. Disponível em: <http://

www.brasilcooperativo.coop.br/Portals/0/documentos/comunicacao/130807_Apresentacao.pdf>. Acesso em:13 set. 2007.

PATIN JUNIOR, R. P.; MCNEIL, D. W. Member grouporientation of credit unions and total member benefits.Review of Social Economy, v. 49, n.1, p. 37-61, 1991.

PHILLIPS, R. Economic nature of the cooperativeassociation. Journal of Farm Economics, v. 35, n. 1, p. 74-87, Feb. 1953.

PINHO, D. B. Economia e cooperativismo. São Paulo:Saraiva, 1977. 177 p.

SMITH, D. J. Credit union rate and earnings retentiondecisions under uncertainty and taxation. Journal ofMoney, Credit and Banking, v.20, n. 1, p. 119-131, Feb.1988.

SMITH, D. J. A theoretic framework for the analysis ofcredit union decision making. The Journal of Finance, v.39, n. 4, p. 1155-1168, 1984.

SMITH, D. J.; CARGILL, T. F.; MEYER, R. A. An economictheory of a credit union. The Journal of Finance, v. 36, n.2, p. 519-528, 1981.

SPENCER, J. E. An extension to taylor´s model of creditunions. Review of Social Economy, v. 54, n. 1, p. 89-98,1996.

TAYLOR, R. A. Credit unions and cooperative banking indeveloped and developing countries. Annals of Public andCooperative Economics, v. 45, n. 2, p.105-118, 1974.

WISNIEVSKI, G. Manual de contabilidade das sociedadescooperativas. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004. 463 p.(Série Cooperativismo, 4).

comunicacao/130807_Apresentacao.pdf>

(PDF) DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS EM COOPERATIVAS DE …ageconsearch.umn.edu/bitstream/102019/2/2010_2.artigo9.pdf · Sigismundo Bialoskorski Neto Professor titular do Departamento de - DOKUMEN.TIPS (2024)
Top Articles
Latest Posts
Article information

Author: Rev. Porsche Oberbrunner

Last Updated:

Views: 6047

Rating: 4.2 / 5 (73 voted)

Reviews: 88% of readers found this page helpful

Author information

Name: Rev. Porsche Oberbrunner

Birthday: 1994-06-25

Address: Suite 153 582 Lubowitz Walks, Port Alfredoborough, IN 72879-2838

Phone: +128413562823324

Job: IT Strategist

Hobby: Video gaming, Basketball, Web surfing, Book restoration, Jogging, Shooting, Fishing

Introduction: My name is Rev. Porsche Oberbrunner, I am a zany, graceful, talented, witty, determined, shiny, enchanting person who loves writing and wants to share my knowledge and understanding with you.